Entrei para o SNS em 1995, 31 anos no Serviço Nacional de Saúde, vivi uma vida inteira dedicada ao serviço, às pessoas e àquilo em que acredito. Foram anos de trabalho, entrega, mudanças, desafios e muitas conquistas que me moldaram enquanto profissional e enquanto ser humano.
Depois de uma doença oncológica em 2019, descobri uma nova versão de mim. Uma versão mais forte, mais consciente e, acima de tudo, mais humana. Passei por dias difíceis, momentos de incerteza e fragilidade, mas também atravessei etapas que me ensinaram a valorizar cada detalhe da vida. Hoje sei que a força não está apenas no corpo, mas na vontade de continuar, de persistir e de acreditar, por isso concretizei a sonho de fazer uma licenciatura.
Hoje continuo com o coração cheio de gratidão e determinação, não apenas como profissional, mas como alguém que viveu na pele aquilo que muitos dos nossos utentes sentem. Trago comigo a experiência, mas também uma sensibilidade renovada, uma compreensão mais profunda e uma enorme vontade de fazer a diferença. Continuar a trabalhar no SNS é, para mim, mais do que uma responsabilidade — é uma missão. E, apesar das dificuldades, sigo com a mesma dedicação de sempre, agora ainda mais consciente do impacto que cada gesto pode ter. A doença mudou-me, mas não me derrubou. Pelo contrário: tornou-me mais persistente, mais resiliente e mais comprometida com aquilo que faço. De sorriso no rosto, olho para o futuro com coragem, esperança e vontade de continuar a servir com amor o SNS. Porque o SNS não é apenas o lugar onde trabalho; é parte da minha história, da minha identidade e da minha missão.
Maria José Félix Tomé de Almeida, Assistente Técnica na UCC – Montijo Alcochete