
Ana Paula Pona; Ana Rocha; Jerónima Correia
Equipa da Diabetes da ULSAR

Vamos falar de Diabetes! Sabia que a Diabetes é uma das doenças mais frequentes no Mundo?
Atualmente estima-se a existência de 537 milhões de pessoas adultas com diabetes, ou seja, 1 em cada 10 adultos tem diabetes.
Prevê-se que o número total de pessoas com diabetes aumente para 784 milhões (1 em 8 adultos) até 2045, de acordo com dados obtidos junto do Observatório Nacional da Diabetes. Segundo a mesma fonte 42,7% da população portuguesa, entre os 20 e 79 anos, tem Diabetes ou pré Diabetes. Portugal é o 2º Pais da Europa com mais pessoas com Diabetes.
O que é a diabetes?
A Diabetes é uma doença metabólica crónica, ou seja, mantem-se ao longo da vida. É caracterizada por níveis de glicose (açúcar) no sangue muito elevados. Isto acontece porque a Insulina ou deixa de ser produzida, ou é produzida em quantidade insuficiente, ou não consegue atuar adequadamente (exemplo: nas pessoas com excesso de peso, está muitas vezes presente a resistência à Insulina, que é uma condição que acontece quando as células dos músculos, gordura e fígado não respondem adequadamente à insulina, tendo dificuldade na absorção da glicose do sangue.
A Insulina é uma hormona produzida pelo pâncreas e ajuda a glicose a entrar nas células dos nossos órgãos para que estas possam produzir a energia necessária para a vida.
Existem vários tipos de Diabetes, sendo a mais frequente (90%) a tipo 2, que aparece mais no adulto, tem um caracter hereditário e está associada a estilos de vida pouco saudáveis. Neste caso a Insulina é produzida em quantidade insuficiente ou não consegue atuar adequadamente. A Diabetes tipo1, ocorre mais na infância ou idades jovens, é uma doença autoimune que ocorre quando células do pâncreas são destruídas pelo sistema imunológico do corpo. Na D tipo 1 deixa de ser produzida Insulina e o tratamento consiste na administração de insulina. Existem ainda outros tipos mais raros, como a Diabetes que resulta da destruição do pâncreas pelo alcoolismo, pancreatites ou neoplasias, por exemplo, ou a Diabetes Gestacional que aparece durante a gravidez e desparece após o parto.
Como sei ou desconfio que tenho diabetes?
A Diabetes é uma doença “silenciosa”, isto é, podemos viver algum tempo sem sabermos que temos a doença. Mas existem alguns sintomas (queixas) que nos devem levar ao Médico de Família para fazermos análises, como ter muita sede, muita fome, ter vontade de urinar frequentemente, perder peso subitamente, visão enevoada, infeções difíceis de tratar, tonturas e cansaço excessivo. O diagnóstico é feito por análises ao sangue, se o valor de glicose em jejum for maior que 126 mg/dl tem Diabetes. Entre 100 e 125 mg/dl, é considerada glicemia de jejum alterada, situação de pré-diabetes, um risco para a Diabetes tipo 2.

O tratamento da Diabetes tem 3 vertentes, os hábitos de vida saudáveis, os medicamentos e a vigilância da glicose no sangue, para sabermos se as medidas estão a ser eficazes. É ainda importante vigiar o Peso, a Pressão Arterial e o Colesterol, pois todos juntos são fatores de risco cardiovascular, risco de vir a ter um Enfarte do coração ou um AVC. Nas consultas são avaliados, periodicamente, as complicações crónicas, que surgem ao fim de alguns anos se a Diabetes não for controlada. Com particular vigilância do olho, rim, coração e pés.
O controlo dos níveis de glicose pode ser feito, intermitentemente, por análises de sangue e pela “picada” no dedo, ou através de um sensor que mede continuamente o valor da glicose num líquido que está à volta das células. As pessoas com Diabetes tipo 1 precisam de insulina para sobreviver. A INSULINA pode ser administrada com seringa, caneta ou bomba perfusora.
A terapêutica da Diabetes tipo 2 tem por base uma Alimentação Equilibrada e Atividade física regular, que podem não ser suficientes. Nesse caso, existem comprimidos que atuam no pâncreas estimulando a produção de insulina, ou que melhoram a resposta das células à insulina, entre outros mecanismos. Também existem medicamentos injetáveis que ajudam a controlar o metabolismo e a perder peso. Com a evolução da doença pode vir a ser necessária a administração de insulina.
A importância da alimentação
A alimentação recomendada para o diabético é a forma certa de comer e deveria ser adotada por todas as pessoas, com ou sem diabetes!

Tenho Diabetes e agora, como vivo com esta Doença?
A Medicina nesta área teve uma evolução fantástica. Hoje existem novos medicamentos muito eficazes, e métodos de controle mais cómodos. No caso das pessoas que colocam o sistema perfusor continuo de Insulina, também aqui existe um grande avanço, com aparelhos cada vez mais próximos de imitar as funções do Pâncreas, avaliam a glicose no sangue e sabendo o que vão comer, decidem automaticamente a dose de Insulina que vão administrando, por exemplo. Existem inúmeras plataformas e apps que ajudam no controle da doença, através de análise dos registos, cálculo dos hidratos de carbono que existem na refeição, etc.
A pessoa com Diabetes tem a responsabilidade de gerir a sua doença, sendo acompanhada pelos profissionais de saúde que a capacitam para saber mais e decidir melhor.
Viver com a doença e tratá-la bem, não é mais do que fazer o que está correto e é saudável. Se todos tomassem a decisão de fazer o que é aconselhado para o controle da Diabetes, ou seja, atividade física regular, escolher adequadamente a alimentação, e outros bons hábitos de vida como não fumar ou não ingerir bebidas alcoólicas em excesso, as doenças crónicas, como a Diabetes, HTA e Obesidade, seriam muito menos frequentes. Está na mão de cada um decidir o seu futuro!
Dados da ULSAR
Segundo os dados colhidos em 2022, ao nível dos Cuidados de Saúde Primários foram acompanhadas 17 190 pessoas com Diabetes, sendo 91,5% casos de Diabetes tipo 2, já em acompanhamento Hospitalar foram acompanhadas 1 176 pessoas com diabetes, das quais 13% com Diabetes tipo 1 e 87% com Diabetes tipo 2. A nível hospitalar são seguidos doentes com maior grau de gravidade e com maior necessidade de uso de Insulina no seu tratamento.